O ministro do Desenvolvimento, Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, participou junto com a Secretária Estadual de Assistência Social do Piauí, Regina Sousa, de reunião com Associação de Quebradeiras de Coco Babaçu, representantes da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e do empresariado local. O encontro aconteceu na sede da Secretaria de Assistência Social (SASC), em Teresina, neste sábado (11).

A partir de um projeto de pesquisa desenvolvido na UFPI, chegou-se a um carvão ecologicamente correto feito da casca do babaçu, resíduo do trabalho de extração do coco de babaçu, realizado pelas quebradeiras.

Um dos eixos das ações do MDS é construir projetos que envolvam o social associado ao econômico e ao ambiental.

“Nós temos um desafio. A maior floresta de babaçu do Brasil, uma das maiores do mundo, fica na nossa região. Em primeiro lugar, Maranhão, depois Piauí, seguido do Tocantins, também no Pará e Bahia. É necessário encontrar uma linha econômica e um casamento com pessoas que vivem do extrativismo, as quebradeiras de coco, os pequenos agricultores”, explana o ministro, lembrando que tudo isso também deve ser executado pensando na geração de renda.

“Temos uma presença muito grande, nessas regiões, de pessoas que estão no cadastro único, dependendo da transferência de renda como Bolsa Família. Aqui acertamos de trabalhar um projeto com recursos de fomento, com recursos do Ministério do Desenvolvimento Social, provavelmente do desenvolvimento agrário também, com a Secretaria da Assistência Social, com as entidades de quebradeiras de coco e também com o empreendedor”, disse Wellington Dias.

A secretária Regina Sousa, responsável pelo convite ao ministro, reafirma a importância do diálogo sobre geração de renda baseada no compromisso ambiental. “São duas coisas importantes: ele [o carvão] é realmente ecológico, só reaproveitamento de resto, não derruba nada, nem madeira, nem árvore; e a outra questão é que absorve as quebradeiras de coco. Toda quebradeira de coco tem as cascas e que são usadas  simplesmente para fazer um carvão para cozinhar, às vezes vende uma lata, mas fazendo fumaça de um jeito não ecológico e a gente pode ter a possibilidade de aproveitar esse carvão de um jeito ecológico, com fornos que não fazem fumaça”, explica a secretária, que destaca ainda que mesmo com a experiência piloto já em andamento com o Instituto Babaçu, é necessário ainda discutir financiamentos.

Os estudos na UFPI iniciaram a partir da observação. “As quebradeiras de coco tinham o produto (casca do coco babaçu), mas sem uma situação ambiental e fiscal correta. Começamos a observar o que poderíamos fazer para agregar valor. Surgiu a situação de termos um carvão padronizado de qualidade com selo ecológico e ambiental. Com isso, a secretária Regina abraçou a ideia, juntamente com o empresário Adalberto Souza Santos, da fundação agroflorestal e apresentamos. Hoje já está virando um produto comercializando em pequena escala e agora o Piauí tem um potencial muito grande de trazer um bem-estar para as quebradeiras porque vai ter realmente um recurso entrando mensalmente com essa produção e, do outro lado, vai ter uma cadeia com um mercado pronto para capturar todo esse material. Com isso, se evita também o trabalho escravo, pois vai legalizar uma ação que hoje já é bastante comum, não só no Piauí, e tornar isso um eixo que o Brasil vem buscando que é trazer bem-estar para a população, trazer uma renda fixa e diminuir o desmatamento”, explica o professor Francisco de Assis.

Primeiro empresário a usar casca de babaçu como carvão, Adalberto Souza Santos, do Instituto Agroflora, fala dos desafios de desenvolver esse projeto, que também tem objetivo de gerar emprego e renda para as catadoras de coco de babaçu.

“Chamamos para essa responsabilidade a Universidade Federal como parceira. Começamos a fabricar de forma experimental o carvão produzido à base de casca do babaçu. Não é simplesmente o carvão queimado. É a casca queimada, moída, e depois prensada e transformada no carvão 100% ecológico, com maior durabilidade de queima, sem fumaça durante a queima e agrega muito valor. Agora chegou o momento que vamos fazer a expansão desse projeto. Acabou a fase experimental e vamos para a fase que vai gerar emprego e renda através da instalação de uma unidade produtora, com capacidade para mais de 80 toneladas, aproximadamente, ao mês. Vamos trabalhar em parceria com cooperativas, com assentamentos. Nós já temos um grande parceiro que o iInstituto Babaçu, sediado na cidade de Palmeirais, que vai nos ajudar na organização dos trabalhadores para poder fazer com que produzam com qualidade e ao mesmo tempo fiscalizar para que não seja causado dentro dessa cadeia produtiva nenhum tipo de injustiça.”

A presidente do Instituto Babaçu, Socorro Morais, comemora o projeto. “Sabemos hoje que o método que a gente usa para fazer nosso carvão e aproveitar a casca do babaçu é rustico e nos causa muitos danos e isso vem melhorar esse processo para saúde da gente e agregar ainda mais valor ao nosso produto, porque é um processo que não vai quebrar tanto o carvão e melhora nossa renda”, disse.

“Foi uma reunião onde a gente viu que eles estão de olho na nossa atividade das quebradeiras, uma ação necessária para o nosso sustento e que é uma expectativa de melhoria tanto para o social como ecológico”, avalia.