O professor Valério Rosa de Negreiros, do curso de História da Universidade Estadual do Piauí (Uespi), campus Josefina Demes – Floriano, recebeu Menção Honrosa no Prêmio Nacional Silvio Romero 2020, do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular, neste mês de dezembro.

O prêmio é um reconhecimento pela produção no campo dos estudos sobre o folclore e a cultura popular no Brasil. Tem sua importância visto a tradição da instituição, que há mais de 50 anos criou a honraria para homenagear trabalhos nessa área.

Professor da Uespi durante a Semana de História

 

Segundo o professor Valério Rosa de Negreiros, a pesquisa consiste na análise do processo de institucionalização do folclore a partir da investigação do projeto Atlas Folclórico do Brasil, feito para sua tese de doutorado defendida em julho deste ano, no Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal Fluminense (UFF).

“Ainda na década de 1950, quando do surgimento do Movimento Folclórico Brasileiro, foi levantada na Carta do Folclore Brasileiro a ideia – por parte dos folcloristas que compunham a Comissão Nacional de Folclore – da catalogação de todas manifestações folclóricas do país. Simultaneamente à luta para tornar o folclore uma disciplina acadêmica, dotada de conceito e metodologias científicas, os folcloristas criaram instituições e projetos ao longo de três décadas, sempre almejando executar aquilo que seria o projeto maior deles ‘o grande levantamento do folclore brasileiro’. Diante disso, observou-se que a partir do golpe civil-militar de 1964, uma nova política cultural – a qual denominamos de ‘integração cultural’ – se estruturou no país. Tal fato, sustentamos nessa tese, teria possibilitado aos folcloristas da Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro realizar um inquérito na década de 1970, nas chamadas ‘Operação Pesquisa Folclórica’, em colaboração com o Projeto Rondon e estudantes universitários, integrantes deste projeto. Apesar de apenas um Atlas ter sido publicado, essa investigação descobriu que foi feito, em vários estados, o cadastramento das manifestações que fariam parte do Atlas nacional. Diante disso, defendemos que, no contexto da década de 1970, as configurações ideológicas permitiram aos folcloristas realizarem seu projeto maior, bem como, permanecerem institucionalmente vinculados ao Estado brasileiro”, explica o docente.

A pesquisa, que questiona teses consagradas, encontra-se disponível no site do PPGH da UFF. No próximo ano, o professor pretende viabilizar a publicação a partir da honraria recebida.

Você pode conferir mais detalhes da premiação no site do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular.